sábado, 24 de abril de 2010

Monólogo com Tempo



_Sabe, sinto falta da infância.
 Fico relembrando as brincadeiras no quintal da vovó.
O coisa boa quando se é criança, quando se vê tudo lindo, colorido.
Até as palmadas se fazem presentes na saudade.
Aquele pé de limão, onde ficávamos brincando de bombeiro.
Lembro-me do episodio, em que o vovô foi atrás danar com a gente, porque os milhos estavam crescendo, e nós pisávamos sem maldade nenhuma.
Descemos num carrerão, e escondemos atrás do pé de café...
 Ele ficou lá em baixo.
Gritava como um doido olhando pra cima...!
 Eu lembro que ele dizia: Desce daí suas pragas, desce daí!
_ É, quando se é criança o ar é melhor, a alegria é maior e pela intensidade os olhos se enchem de ilusão.
_Embalada por ''Aquarela'' eu tentava em minha sabia inocência desenhar o mais lindo dos castelos com cinco ou seis retas... Nunca consegui, nunca estava grandioso o bastante.
_ Lispector disse:
''Saudade é como um pouco de fome:
só passa quando se come a presença".
_Para minha tristeza, definharei na companhia da fome até o fim.
 Pois o tempo não para, e ainda não descobri como voltar pra lá.



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