Acordei
com a lembrança de um corpo. Não qualquer corpo, corpo muito meu. Tive uma vaga
sensação de que em minha memória veio alguns dos nossos momentos.
Você
sempre reclamou dos meus planos pra o futuro, mas sempre pegou carona nas
minhas histerias. Éramos muito compatíveis
quanto a comida você lembra? Só que quando você estava só tinha uns gostos
estranhos, eu mesmo nunca comeria aquelas gororobas inventadas por você, mas te
beijaria mil vezes após ter comido tudo.
Você
sempre reclamou da nossa falta de comunicação, ou eu... Não me lembro... Faz
tanto tempo que as vezes me perco. Mas não faltava comunicação, tinha excesso
de comunicação.
Tínhamos
quase um roteiro, longas DR’s, choro, crises de ciúme, momentos de rejeição ao
outro e sexo. Sexo nunca nos faltou, nunca foi o problema, lembra? Não tinha hora nem lugar, experimentamos
todos os ambientes e posições possíveis, bela sintonia.
Eu
sempre tive mais nojo das coisas que você, sempre... Aquela coisa de lamber
como animal a cara do outro era tão divertido, as vezes lembro de você na cama
fechando o olho e esperando que eu o fizesse.
Você
sempre foi tão romântica e eu tentava mediar com o lado racional, besteira,
desempenhamos os dois esses papéis. Não me lembro do seu perfume, mas sinto
falta.
Você me deixava tão
louco, lembra? Aquele fim de semana só nosso meio a chuva, comida caseira e uma
cama de casal. Fizemos jus a tudo.
Foi tudo muito intenso
querida, desde nossas vivencias as minhas lembranças. Escrevo pra você, mas sei
que não vou conseguir entregar. Rasgarei assim que colocar no envelope, faz
parte de mim essas decisões contraditórias você sabe.
Com saudade,
Ps.1- Preciso que venha
buscar as caixas que deixou no meu coração. Pretendo alugar o imóvel.